Cuiabá já está pronta para torcer pelo Brasil na Copa do Mundo da África do Sul. Por onde se olha é possível ver bandeiras, casas enfeitadas e ruas pintadas de verde e amarelo. Do mais rico ao mais pobre, das classes mais abastadas da sociedade aos moradores das favelas, o nacionalismo neste momento contagia todo mundo: o povo, a igreja, as escolas, a polícia e o funcionalismo público em geral.
Para o 1º secretário da União Cuiabana de Moradores de Bairro, Joanil da Costa Silva, vários bairros da grande Cuiabá já estão se mobilizando para enfeitar as suas ruas com as cores da bandeira do Brasil e se preparando para entrar no clima da Copa do Mundo.
“A Copa do Mundo sempre tomou conta dos sentimentos dos torcedores do mundo inteiro, principalmente dos brasileiros cuiabanos que tradicionalmente no evento futebolístico pintam suas ruas com as cores da bandeira, além de pendurarem bandeirolas verdes e amarelas tomando conta dos bairros da cidade”, relata.
Inicialmente a intenção era de enfeitar com fitas, bandeiras e pintar o chão. Mas, segundo o secretário os cuiabanos estão indo cada vez mais além.
Ele fala que é notável ver pelas ruas carros rodando a cidade com bandeiras no capô do carro, com adesivos e equipamentos de som. Tudo para que a comemoração do Brasil em campo seja em grande estilo.
Fernando Diniz, morador do bairro Dom Aquino, coordena durante todos os anos de copa do mundo as decorações de sua rua.
Para ele, é uma tradição muito gratificante vivenciar as emoções com os vizinhos na hora do jogo.
“Nos anos de copa faço um mutirão com meus vizinhos e saimos arrecadando dinheiros para tematizar a rua. Acho que vale muito a pena mostrar um pouco do patriota que há dentro de nós e enfeitar a rua é muito bom, pois todos estão reunidos pelo mesmo sentimento chamado Brasil”, comenta.
O morador Juan Paulo participa também do mutirão feito pelos seus vizinhos de bairro para que a rua fique mais aconchegante.

Se o Brasil vai conquistar ou não o hexa, esta é uma outra história. Que a onda de patriotismo oriunda com o advento da copa seja considerada pelos sociólogos como nacionalismo excêntrico, também. De acordo com o sociólogo Francisco Xavier, há uma diferença entre ser de um clube de futebol e um torcedor nato da seleção brasileira. Pois, torcer para um clube é pessoal, um sentimento individual.
“Já quando o Brasil entra em campo o sentimento se torna universal. Brasileiros torcem para ver seu país ganhar. Isso é um pertencimento nacional, porque pertencemos em uma comunidade chamada nação”, defende.
Na corrente dos críticos do nacionalismo no futebol a justificativa é que durante esse período o povo esquece os seus reais problemas e se torna alienado. Verdade ou não, uma coisa é certa: além de trazer felicidade ao povo em geral a Copa do Mundo aquece a economia. A prova disso são as ruas de Cuiabá, que foram tomadas vendedores ambulantes com artigos verde e amarelo.
Movidos por um sentimento patriótico em tempos de Copa do Mundo, os cuiabanos evidenciam o forte sentimento pela nação através de expressões criativas como pinturas nas ruas dos bairros da Capital.Para o sociólogo, Francisco Xavier, a copa é um momento onde os brasileiros começam a expressar o patriotismo. Um patriotismo que para ele é tão pouco explorado na vida social de uma forma geral.
De acordo com ele, o patriotismo no Brasil é muito frágil, porque as escolas não ensinam essa cultura cívica de amar e devotar a pátria e os símbolos nacionais em relação. “Por isso, foi se criando um patriotismo e um nacionalismo que é expressado só de quatro em quatro anos através do futebol, diferentemente dos Estado Unidos e da França que valorizam esse sentimento ainda nas escolas. Já no Brasil esse mesmo valor não é identificado pela maioria. O que é um erro, pois se perde o respeito”,analisa.
O sociólogo fala que as escolas tem que trazer de volta o juramento da bandeira, contar histórias das datas comemorativas, pois muitas crianças não sabem o que se comemora nos feriados do país.
“Não só as crianças mais as pessoas em geral. Muita gente sabe que tal dia é feriado, mas não sabe o porque daquele feriado. Está se tornado um nacionalismo frágil demais. É preciso fazer reascender o respeito com a pátria, não só de quatro em quatro anos”, pontua.
Xavier destaca que as belezas do Brasil são expressadas a partir de elementos da natureza e a mistura racial. Para ele todos são símbolos do Brasil lá fora, mas não é dita como a nacionalidade tradicional que vem dos outros países.
Ele adiciona que o futebol é um esporte bem brasileiro e trás como cultura um patriotismo tomado por grandes emoções, onde o mundo inteiro se mobiliza e fazem com que a copa seja um grande evento que a questão nacional.
“A copa do mundo permite a união entre os brasileiros. Na copa esse sentimento de amor a pátria floresce até mesmo em mulheres que geralmente não torcem para nenhum time esporte clube. Até as mulheres quando chega época de copa do mundo vibram e torcem. Vemos que aquele amor pelo futebol renasce em todos os brasileiros”, conclui.
Por: Roberta Cola Dias
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